terça-feira, 8 de novembro de 2011

Momento criativo: imagin(ação)

No nosso último encontro o Daniel Torres foi o responsável pelo momento criativo. Ele levou certos compostos químicos que agora não sei quais são exatamente, mas que são capazes de fotocopiar uma imagem desde que espostos à luz. Realizamos o devido procedimento e a experiência ocorreu de uma forma muito ineteressante com a participação de todos os presentes na confecção de imagens e na bricolagem final. As fotos abaixo mostram um pouco do que aconteceu.

No próximo encontro o Daniel levará novamente os materiais e estamos sugerindo que cada um leve uma imagem que gostaria de colocar na tela final. Neste último encontro o Daniel também levou uma fotocópia de um retrato do M. Foucault, de um retrado do V. Van Gogh e de uma parte de um quadro do S. Dali. As sugestãoes estão, então, encaminhadas. Aguardaremos as novas manifestações.






domingo, 30 de outubro de 2011

Momento criativo: Machado de Assis

Abaixo um texto do Machado de Assis publicado no final do século XIX. Machado escrevia semanalmente para o jornal, e os acontecimentos relatados expressam situações fáticas. A sua literatura é já uma crítica ao modo de proceder civilizatório em tensão com o realismo. Aqui temos a realidade crua sendo abordada por um literato, abordada não para a sua literatura propriamente, mas para a sua compreensão mesma da froma com as coisas são colocas em certa ordem.

Neste site é possível encontrar a obra completa do Machado: http://machado.mec.gov.br/ 


A Semana, de 31 maio de 1896

Machado de Assis


A FUGA dos doudos do Hospício é mais grave do que pode parecer à primeira vista. Não me envergonho de confessar que aprendi algo com ela, assim como que perdi uma das escoras da minha alma. Este resto de frase é obscuro, mas eu não estou agora para emendar frases nem palavras. O que for saindo saiu, e tanto melhor se entrar na cabeça do leitor.

Ou confiança nas leis, ou confiança nos homens. era convicção minha de que se podia viver tranqüilo fora do Hospício dos Alienados. No bond, na sala, na rua, onde quer que se me deparasse pessoa disposta a dizer histórias extravagantes e opiniões extraordinárias, era meu costume ouvi-la quieto. Uma ou outra vez sucedia-me arregalar os olhos, involuntariamente, e o interlocutor, supondo que era admiração, arregalava também os seus, e aumentava o desconcerto do discurso. Nunca me passou pela cabeça que fosse um demente. Todas as histórias são possíveis, todas as opiniões respeitáveis. Quando o interlocutor, para melhor incutir uma idéia ou um fato, me apertava muito o braço ou me puxava com forca nela gola, longe de atribuir o gesto a simples loucura transitória. acreditava que era um modo particular de orar ou expor. O mais que fazia, era persuadir-me depressa dos fatos e das opiniões, não só por ter os braços mui sensíveis, como porque não é com dous vinténs que um homem se veste neste tempo

Assim vivia. e não vivia mal. A prova de que andava certo, é que não me sucedia o menor desastre. salvo a perda da paciência, mas a paciência elabora-se com facilidade;—perde-se de manhã, já de noite se pode sair com dose nova. O mais corria naturalmente. Agora porém, que fugiram doudos do hospício e que outros tentaram fazê-lo (e sabe Deus se a esta hora já o terão conseguido), perdi aquela antiga confiança que me fazia ouvir tranqüilamente discursos e notícias. 1? o que acima chamei uma das escoras da minha alma. Caiu por terra o forte apoio. Uma vez que se foge do hospício dos alienados (e não acuso por isso a administração) onde acharei método para distinguir um louco de um homem de juízo? De ora avante, quando alguém vier dizer-me as cousas mais simples do mundo, ainda que me não arranque os botões, fico incerto se é pessoa que se governa. ou se apenas está num daqueles intervalos lúcidos, que permitem ligar as pontas da demência às da razão. Não posso deixar de desconfiar de todos.

A própria pessoa,—ou para dar mais claro exemplo,—o próprio leitor deve desconfiar de si. Certo que o tenho em boa conta, sei que é ilustrado, benévolo e paciente, mas depois dos sucessos desta semana, quem Lhe afirma que não saiu ontem do Hospício? A consciência de lá não haver entrado não prova nada; menos ainda a de ter vivido desde muitos anos, com sua mulher e seus filhos, como diz Lulu Sênior. É sabido que a demência dá ao enfermo a visão de um estado estranho e contrário à realidade. Que saiu esta madrugada de um baile? Mas os outros convidados, os próprios noivos que saberão de si? Podem ser seus companheiros da Praia Vermelha. Este é o meu terror. O juízo passou a ser uma probabilidade, uma eventualidade, uma hipótese.

Isto, quanto à segunda parte da minha confissão. Quanto à primeira, o que aprendi com a fuga dos infelizes do Hospício, é ainda mais grave que a outra. O cálculo, o raciocínio, a arte com que procederam os conspiradores da fuga, foram de tal ordem, que diminuiu em grande parte a vantagem de ter juízo. O ajuste foi perfeito. A manha de dar pontapés nas portas para abafar o rumor que fazia Serrão arrombando a janela do seu cubículo, é uma obra-prima; não apresenta só a combinação de ações para o fim comum, revela a consciência de que, estando ali por doudos, os guardas os deixariam bater à vontade, e a obra da fuga iria ao cabo, sem a menor suspeita. Francamente, tenho lido, ouvido e suportado cousas muito menos lúcidas.

Outro episódio interessante foi a insistência de Serrão em ser submetido ao tribunal do júri, provando assim tal amor da absolvição e conseqüente liberdade, que faz entrar em dúvida se trata de um doudo ou de um simples réu. Não repito o mais, que está no domínio público e terá produzido sensações iguais às minhas. Deixo vacilante a alma do leitor. Homens tais não parecem artífices de primeira qualidade, espíritos capazes de levar a cabo as questões mais complicadas deste mundo?

Não quero tocar no caso de Paradeda Júnior, que lá vai mar em fora, por achá-lo tardio. Meio século antes, era um bom assunto de poema romântico. Quando, alto mar, o infeliz revelasse, por impulsão repentina, o seu verdadeiro estado mental, a cena seria terrível e a inspiração germânica, mais que qualquer outra, acharia aí uma bela página. O poema devia chamar-se "Der narrische Schiff." Descrição do mar, do navio e do céu; a bordo, alegria e confiança. Uma noite, estando a lua em todo o esplendor, um dos passageiros contava a batalha de Leipzig ou recitava uns versos de Uhland. De repente, um salto, um grito, tumulto, sangue: o resto seria o que Deus inspirasse ao poeta. Mas, repito, o assunto é tardio.

De resto, toda esta semana foi de sangue,—ou por política, ou por desastre, ou por desforço pessoal. O acaso luta com o homem para fazer sangrar a gente pacata e temente a Deus. No caso de Santa Teresa, o cocheiro evadiu-se e começou o inquérito. Como os feridos não pedem indenização à companhia, tudo irá pelo melhor no melhor dos mundos possíveis. No caso da Copacabana, deu-se a mesma fuga, com a diferença que o autor do crime não é cocheiro; mas a fuga não é privilégio de ofício, e, demais, o criminoso já está preso. Em Manhuaçu continua a chover sangue, tanto que marchou para lá um batalhão daqui. O comendador Ferreira Barbosa, (a esta hora assassinado) em carta que escreveu o diretor da Gazeta e foi ontem publicada, conta minuciosamente o estado daquelas paragens. Os combates têm sido medonhos. Chegou a haver barricadas. Um anônimo declarou pelo Jornal do Comércio que, se a comarca de S. Francisco tornar à antiga província de Pernambuco, segundo propôs o Sr. Senador João Barbalho, não irá sem sangue. Sangue não tarda a escorrer do jovem Estado (peruano) do Loreto. . .

Enxuguemos a alma. Ouçamos, em vez de gemidos, notas de música. Um grupo de homens de boa vontade vai dar-nos música velha e nova, em concertos populares, a preço cômodo. Venham eles, venham continuar a obra do Clube Beethoven, que foi por tanto tempo o centro das harmonias clássicas e modernas. Tinha de acabar, acabou. Os Concertos populares também acabarão um dia. mas será tarde, muito tarde, se considerarmos a resolução dos fundadores, e mais a necessidade que há de arrancar a alma ao tumulto vulgar para a região serena e divina. . . Um abraço ao Dr. Luís de Castro.

Pela minha parte, proponho que, nos dias de concerto, a Companhia do Jardim Botânico, excepcionalmente, meta dez pessoas por banco nos bonds elétricos, em vez das cinco atuais. Creio que não haverá representação à Prefeitura, pois todos nós amamos a música; mas dado que haja, o mais que pode suceder, é que a Prefeitura mande reduzir a lotação à quatro pessoas do contrato; em tal hipótese, a companhia pedirá como agora, segundo acabo de ler, que a Prefeitura reconsidere o despacho, — e as dez pessoas continuarão, como estão continuando as cinco. Há sempre erro em cumprir e requerer depois; o mais seguro é não cumprir e requerer. Quanto ao método, é muito melhor que tudo se passe assim, no silêncio do gabinete, que tumultuosamente na rua: Não pode! não pode!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CNS discute política nacional para álcool e outras drogas e publicará resolução

 
 
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) discutiu, na manhã  de quarta-feira (5/10), em Brasília,  a Política Nacional de Combate ao Álcool e Outras Drogas. A Política foi tema de mesa que abriu as discussões da 226ª Reunião Ordinária do CNS, composta pelo ministro da Saúde e presidente do CNS, Alexandre Padilha, pelo coordenador nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, e pela conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Maria Ermínia Ciliberti. 
Na reunião, o ministro Padilha destacou a importância da construção de redes diferentes para o enfrentamento das diversas situações sobre a temática de drogas. “Qualquer politica de saúde mental para um só equipamento está fadada ao fracasso, pois ela não dá conta de todas as realidades”, constatou.   Segundo ele, o consumo de crack não é uma epidemia, mas independente disto a situação deve ser vista como um desafio ao campo da saúde pública.
A reivindicação de uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para tratar do tema com movimentos sociais e usuários de saúde mental foi reforçada por Ermínia Ciliberti: “A voz dos usuários é muito importante nesta questão para o avanço da cidadania e de políticas integradas”, afirmou.
Entre os pontos discutidos pela mesa e entidades presentes na reunião, considerados pelo CNS como eixos orientadores para a Política de Combate ao Álcool e Outras Drogas, estão: a manutenção de ações sobre Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (Caps AD) e Consultórios de Rua; a inclusão de espaços para familiares de usuários; debates entre as comissões do CNS e outros conselhos sobre o tema; e discussões mais enfáticas sobre as internações compulsórias.
Resolução
Ao final dos debates, foi discutida resolução do CNS sobre políticas para a saúde, considerando a Política Nacional de Saúde Mental, álcool e outras drogas e a Lei 10.216/10, que institui a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial.
 
Recomendações para que as políticas de enfrentamento de Álcool e Drogas sejam intersetoriais e a orientação a  gestores e projetos de saúde para que as medidas de internação involuntária sigam a Lei 10.216/10 constam do documento. A resolução também indica que entidades ou instituições na Rede de Atenção Psicossocial do SUS sejam orientadas pelos princípios da reforma antimanicomial e que sejam formadas parcerias com entidades da sociedade civil e filantrópicas para a promoção, prevenção e apoio ao tratamento, respeitando as diretrizes do SUS e a Lei 10.216/10 .
 
Apesar de no texto da resolução não estar explícita referências às comunidades terapêuticas, o CFP reafirma sua posição contrária ao financiamento público das referidas instituições, que foram objeto de uma inspeção unificada do Sistema Conselhos, realizada dias 28 e 29 de setembro de 2011, em todos os conselhos regionais de psicologia, em 24 estados brasileiros, e cujo relatório será divulgado amplamente nas próximas semanas.
 
http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_111010_001.html

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"O dia em que Foucault se fez", por Vladimir Safatle

"O dia em que Foucault se fez", por Vladimir Safatle

Em História da Loucura, francês propôs uma 
nova questão metodológica para a filosofia
 
 
Publicado em 04 de julho de 2011
 
 
 
Vladimir Safatle


Há 50 anos, Foucault publicava Loucura e Desrazão – História da Loucura na Idade Clássica. Embora não fosse seu primeiro livro (Doença Mental e Personalidade é de 1954), ele era o início efetivo de sua experiência intelectual. Pois, por meio dele, Foucault aparecia no cenário filosófico contemporâneo como portador de uma nova questão de método que estaria, a partir de então, sempre associada a seu nome.
A questão de método dizia respeito a seu modo peculiar de “fazer filosofia”.
Contrariamente ao padrão tradicional do comentário de textos e das grandes dissertações sobre autores, Foucault apresentava um trabalho sobre a lenta transformação da experiência da loucura em doença mental, ou seja, em objeto de um discurso que aspira a cientificidade (a psicologia e a psiquiatria) e que visa fundar modos estabelecidos de intervenção.
Nesse sentido, o trabalho poderia ser visto, na verdade, como pertencente a um setor da epistemologia que, na França, era conhecido como “epistemologia histórica”. Uma tradição que não compreende a tarefa da epistemologia como fundação de uma teoria do conhecimento baseada na análise das faculdades cognitivas e da estrutura possível da experiência.
Antes, nomes como Canguilhem, Bachelard, Cavaillès e Koyré são lembrados por vincularem radicalmente reflexão epistemológica e reconstrução de uma história das ciências.
Tratava-se de esclarecer a gênese dos padrões de racionalidade presentes nas ciências por meio de uma profunda articulação entre história das ciências e algo que poderíamos chamar, na falta de um nome mais preciso, de história das ideias ou, se quisermos utilizar um termo mais próximo de Foucault, de história dos sistemas de pensamento.
No entanto, o trabalho de Foucault não era apenas um trabalho de epistemologia da psicologia e da psiquiatria. Sua peculiaridade vinha de sua perspectiva profundamente crítica. Tratava-se de perguntar que tipo de experiência se perdera graças à transformação da loucura em doença mental. O que, para nós, não era mais possível ver e pensar por causa do advento de uma forma de racionalidade.
Nesse sentido, História da Loucura era uma peculiar “contra-história da ciência” que visava expor uma análise dos processos de implementação de critérios discursivos de verdade, de construção de limites e de táticas de exclusão que deveriam ser criticados tendo em vista o desvelamento da maneira com que padrões históricos de racionalidade fundamentam e constroem a legitimidade de suas operações.
No interior dessa contra-história da ciência onde era questão do advento da psiquiatria e da psicologia, Foucault lembrava que a discussão sobre decisões clínicas a respeito da distinção entre normal e patológico é, na verdade, um setor de decisões mais fundamentais da razão a respeito do modo de definição daquilo que aparece como seu Outro (a patologia, a loucura etc.).
Elas se inserem em configurações mais amplas de racionalização que ultrapassam o domínio restrito da clínica.
A distinção entre normal e patológico, entre saúde e doença é o ponto mais claro no qual a razão se coloca como fundamento de processos de administração da vida, como prática de determinação do equilíbrio adequado dos corpos em suas relações a si mesmos e ao meio ambiente que os envolve.
No caso da distinção entre saúde e doença mental, vemos ainda como a razão decide, amparando práticas médicas e disciplinares, os limites da partilha entre liberdade e alienação, entre vontade autônoma e vontade heterônoma.
Assim, a reflexão sobre as ciências (em especial as ciências humanas) aparece como maneira para compreender como a razão moderna impõe normatividades que determinam nosso campo de experiências possíveis. Uma articulação inovadora entre crítica da razão e reflexão epistemológica era inaugurada por Foucault.
Com História da Loucura, a filosofia podia agora encontrar uma nova definição: “discurso crítico em relação àqueles discursos que moldam nossas vidas e aspiram a validade categórica”.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

História da loucura, em ato

Para Conselho de Psicologia, Brasil volta ao tempo dos manicômios


Humberto Verona | Foto: Valter Campanato/ABr
Vivian Virissimo

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), que encaminhou na última segunda-feira (26) um relatório às Nações Unidas com 66 casos de violações de direitos humanos em hospitais psiquiátricos e clínicas entre 2002 e 2010, espera que a ONU contribua no avanço das políticas públicas para o setor no Brasil. O presidente do CFP, Humbero Verona, critica o financiamento público das comunidades terapêuticas e afirma que o País está regredindo na reforma psiquiátrica e voltando ao tempo dos manicômios.
O relatório do CFP foi entregue à representante do Brasil no Subcomitê para Prevenção da Tortura da Organização da ONU, Margarida Pressburger. O documento descreve situações de tortura, maus tratos, privação de liberdade e quatro casos de morte ocorridas em hospitais psiquiátricos e clinicas.
“Funcionamos à revelia do Estado, que possui uma lei que propõe a extinção dos manicômios e ainda não cumpriu essa determinação. São lugares sem a participação dos familiares, verdadeiras caixas pretas que favorecem a violação de direitos”, afirma o presidente do CFP.
Para Humberto Verona, as denúncias vão contribuir para a elaboração de um documento oficial da ONU sobre as diferentes situações de tortura institucionalizada que ocorrem no país, sobretudo, no sistema carcerário. O relatório tem como fontes familiares de pessoas com transtorno mental, usuários de serviços e pessoas que tiveram internação compulsória em comunidades terapêuticas, que relataram os casos por meio do Observatório de Saúde Mental.
Na avaliação de Verona, a divulgação do relatório da ONU poderá acelerar o avanço da consolidação de políticas públicas no setor. “Quando um organismo internacional apresenta para o mundo o relato de uma situação que é ignorada pela maioria das pessoas, a repercussão mexe com aqueles que têm responsabilidade de gestão ou no Judiciário”, afirma. Segundo ele, o levantamento da ONU deverá ser divulgado em cerca de três meses.

Comunidades terapêuticas no SUS
O relatório também foi entregue ao Ministério da Saúde e à secretaria geral da Presidência da República. “As denúncias estão sendo entregues às autoridades que prometem apurar, mas seria necessário um mecanismo de apuração das denúncias mais efetivo, em nível nacional, já que as violações ocorrem de forma persistente sem nenhum tipo de punição”, destaca Verona.
Além desses casos de agressão, denúncias recentes também indicam violações de direitos humanos dos usuários de drogas atendidos em comunidades terapêuticas. O CFP critica as comunidades terapêuticas, que são classificadas como uma “versão moderna dos antigos manicômios”. “A maioria trabalha com internação compulsória, por isso falamos que é o retorno do manicômio. As pessoas são retiradas do convívio social e muitas delas morreram sem nunca mais voltar. Essas comunidades são instituições de isolamento das pessoas, com baixíssimos resultados em longo prazo”, diz o presidente do CFP.
Verona vê um retrocesso na Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, através da atual proposta do governo federal de financiamento público para as comunidades terapêuticas. “Nós questionamos a proposta de repasse de dinheiro público pois estas casas são orientadas de acordo com concepções religiosas e não dão conta da complexidade da situação. A maioria faz um tratamento moral e não profissional. Os aparelhos de saúde devem ser públicos e abertos, com profissionais capacitados”, defende.
Segundo o CFP, não há pesquisas sobre a eficácia dessas comunidades. “Elas centram suas ações na temática religiosa e na internação e permanência involuntárias, frequentemente desrespeitando tanto a liberdade de crença quanto ao direito de ir e vir dos cidadãos. Não há, portanto, justificativas técnicas para seu financiamento pelo SUS”, indica o relatório do CFP.
No Rio Grande do Sul, quatro casos de violação foram registrados – um em Alegrete, um em Rio Grande e dois em Guaíba. Conforme a presidente da comissão de direitos humanos do Conselho Regional de Psicologia (CRP), Luciana knijink, as denúncias dos municípios são encaminhadas, de acordo com cada caso, tanto para o Ministério Público quanto para os Conselhos Municipais de Saúde ou outros conselhos profissionais. Ela explica que o CRP não intervém diretamente nos casos, somente em relação às instituições de saúde que tiverem psicólogos atuando de forma irregular, que são submetidos ao conselho de ética da entidade.

Extraído do site Sul 21: http://sul21.com.br/jornal/2011/09/para-conselho-de-psicologia-brasil-volta-ao-tempo-dos-manicomios/

domingo, 11 de setembro de 2011

Coletivo de Rádio Potência Mental


(Foto tirada na praia do Rosa, Jul/11)

Levamos um vídeo no último encontro afim de debatermos sobre o capítulo "Médicos e Doentes" do livro "História da Loucura" de Michel Foucault. Retiramos o vídeo do blog potenciamental: http://www.potenciamental.blogspot.com, onde há informações acerca do grupo, do programa de rádio, além de outros vídeos do programa, etc. Infelizmente não foi possível fazermos o upload do vídeo aqui, apesar de muitas tentativas.


Para instigá-los à discussão, destacarei aqui palavras importantes que anotei durante o debate inicial sobre o capítulo, as quais foram repetidas muitas vezes nas falas dos presentes no encontro: 

- Bizarro
- Rito
- Natureza
- Simbólico
- Linguagem
- Crônicas de Nárnia
- Esmeralda
- Limpeza
- Psicologia
- Cura
- Razão
- Medicina
- Medo
- A ilha do medo
- Moral
- Aceitação

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Fucault por ele mesmo




               O primeiro video foi apresentado pelo Jonas no último encontro. Os outros dois são sequência do primeiro.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"J'ai tué ma mère" e "Les Amours Imaginaires"

Assistimos dois filmes do jovem diretor canadense Xavier Dolan neste final de semana e não poderíamos deixar de compartilhar com vocês o nosso agrado.

Foto do filme "Eu matei minha mãe"

O primeiro chama-se "Eu matei minha mãe" ("J'ai tué ma mère" é o título original), lançado em 2009 no Canadá e em 2010 no Brasil. Trata-se de um filme fortíssimo, excelente para refletir sobre inúmeras coisas, sobretudo a respeito das conturbadas relações entre pais e filhos. A sinopse (que não demonstra a profundidade da narrativa do filme) é a seguinte: "Hubert (Xavier Dolan) tem 17 anos e não ama sua mãe. Além de só ter olhos para o gosto kitsch, as roupas bregas e pequenos detalhes como a forma que ela come, ele a vê com desprezo. Os mecanismos de manipulação e a culpabilização empregados por ela também não lhe passam desapercebidos e Hubert se vê progressivamente tomado por uma relação de amor e ódio fora do seu controle. Confuso, ele vaga pela adolescência ao mesmo tempo marginal e típica, repleta de descobertas artísticas, experiências ilícitas, amizades e sexo.".

Trailer: http://www.adorocinema.com/filmes/eu-matei-minha-mae/trailers-e-imagens/#83144


                              Imagem do filme "Amores imaginários"                                        

O segundo filme tem o título "Amores Imaginários" (Les Amours Imaginaires é o título orgininal), lançado em junho de 2010 no Canadá e em setembro do mesmo ano no Brasil. Também é um filme intenso e particularmente profundo no que diz respeito a relacionamentos, idealizações, sedução, sexualidade, dentre outras tantas questões abordadas no filme. Sinopse: "Francis (Xavier Dolan) e Marie (Monia Chokri) são amigos inseparáveis. Suas vidas mudam quando conhecem Nicolas (Niels Schneider), um charmoso rapaz do interior que acaba de se mudar para Montreal. Um encontro se sucede ao outro e os três logo se tornam um grupo inseparável. Mas Francis e Marie, ambos apaixonados por Nicolas, desenvolvem fantasias obsessivas em torno de seu objeto de desejo comum. À medida que atravessam as típicas fases da paixão, embarcam numa verdadeira disputa pela atenção do rapaz, comprometendo sua antiga amizade.".

Trailer: http://www.adorocinema.com/filmes/amores-imaginarios/trailers-e-imagens/

Fontes: http://www.adorocinema.com
            http://www.imdb.com
            http://www.cinemanarede.com




"O anarco cineasta"

O anarco cineasta

Diretor de "Amarelo Manga" e "Baixio das Bestas", Cláudio Assis fala sobre seu novo filme
Publicado em 04 de julho de 2011
 

Eduardo Simões
fotos Antonio Brasiliano

Homenagem a Zizo, um poeta do subúrbio do Recife, o terceiro longa-metragem de Cláudio Assis, Febre do Rato, será lançado durante o Festival de Paulínia (SP), que acontece entre 7 e 14 de julho.
O filme, a cujos trechos a revista CULT teve acesso em primeira mão, abre com o ator Irandhir Santos, na pele do poeta, declamando: “Logo ali por trás do mangue, descansa a insônia, a faca, o serrote, o trabalho, o sexo e o sangue”. Já de início se restabelece uma conexão com o movimento cultural do Recife dos anos 1990, de que Assis é tributário: o mangue beat. Mas não só de sua poesia.
Conhecido por não ter papas na língua, o diretor que apontou a família Barreto, Cacá Diegues e Hector Babenco como coronéis do cinema nacional, continua defendendo uma arte contestatória: “Como dizia Chico Science, ‘de que lado você samba, de que lado você vai sambar?’. De que lado está seu cinema? É um cinema para manter as coisas como estão ou para pensar, mudar? Na vida você tem de ter atitude”.
Leia abaixo a entrevista exclusiva concedida por Cláudio Assis à revista CULT.

CULT – À época do lançamento de Amarelo Manga (2003), premiado no Festival de Berlim e grande vencedor do Festival de Brasília, você se queixava de certo “coronelismo” no cinema brasileiro. As coisas mudaram?
Cláudio Assis – Não. O coronelismo ainda existe, e existe entre os jovens também. O cara antes era coronel porque detinha uma distribuidora, dinheiro para produzir etc. Hoje os jovens cineastas também são coronéis, pois ficam adquirindo esse sentimento, esse olhar, essa visão maniqueísta, ficando presos do mesmo jeito que os mais velhos.
No cinema brasileiro, é muito triste ver os mais jovens querendo repetir o que já existe, não há o cinema da reinvenção. Por mais que se diga que o cinema é uma arte nova, ele está em extinção, então é preciso um olhar novo, que não esteja preso a regras, estereótipos, mercado.
Já que o mercado é esse aí, que só quer o que já está posto, por que não tentamos uma nova linguagem ou um discurso que seja compatível com o que o público está sentindo?
O que eu pretendo, que é muito pouco, é que as pessoas tenham um olhar de estrangeiro. Busco em Febre do Rato fazer um cinema de atitude, de coragem, da proposição de ser o que você é, de não ter vergonha do que faz. Não sei se estou conseguindo, mas estou tentando. Quero que as pessoas pensem: “Se ele está fazendo, eu também posso fazer como quero”. Se eu conseguir isso, então realizei meu sonho.
Febre do Rato fecha uma trilogia, após Amarelo Manga e Baixio das Bestas (2007) e esgota o que você tem a dizer sobre o Recife e Pernambuco?
Chegou uma hora em que pensei que eu, Hilton Lacerda [roteiro], Walter Carvalho [fotografia] e Matheus Nachtergaele estávamos fazendo uma trilogia.
Mas acho que não, não foi projeto ou intenção. São olhares diferentes sobre a mesma coisa para ver se as pessoas entendem de um jeito ou de outro. Descobri que não era trilogia porque estou desenvolvendo um projeto com o [jornalista] Xico Sá, adaptação de um livro dele, que também está no mesmo lugar que os outros filmes.
Acho bom, à medida que você está amadurecendo, dar vários olhares, colocar várias camadas sobre o mesmo tema. Ao mesmo tempo, se ele não encerra uma trilogia, dá um arremate sobre o tema da loucura do ser humano, do amor, do desamor, de como se ama errado, se padece amando.
Você ressalta que sempre fala do amor em seus filmes. Nos anteriores, a narrativa é entremeada com um discurso social. Em Febre do Rato, o discurso é poético?
Sim, é o discurso de que por meio da poesia podemos falar de igualdade. Que não há diferença de sexo, cor, de nada. A gente tem uma luta, uma questão que é humana. E só um poeta pode falar disso. Por isso o filme é preto e branco, traz um poeta anarquista, que cria seu mundo como quer.
O ponto de partida é este: dar às 
pessoas a possibilidade de elas serem o 
que são. Serem simples, honestas.
Meu cinema é muito plugado na realidade social. Acho que o mundo é muito injusto com todo mundo. E, por mais que entrem questões como o amor e a anarquia do poeta, a gente tem um problema social que é muito grave e não dá para se ausentar. E o momento que eu tenho para estar presente nessa discussão é num filme.
Demoro cinco, seis anos para fazer um. Então tenho que dizer algo sobre o social. Esse filme tem diferença em relação aos outros porque o documental invade a ficção.
Falando disso, em uma das sequências finais do filme, Zizo invade o desfile de Sete de Setembro no Recife e é detido pela polícia. Durante as filmagens, a polícia tentou prender Irhandir Santos quando ele tirou a roupa…
Chegaram oito carros da polícia, mais nove motocicletas. Queriam prender o Irandhir porque a gente estaria fazendo atentado ao pudor. As ruas já estavam bloqueadas após acerto com a companhia de trânsito. Então estava tudo certo, mas alguém alcaguetou. Mandei fugirem com o ator e os negativos.
O cara mata, rouba, estupra criancinha e sai livre. A gente coloca um cara nu em um filme e isso é crime? Isso é falsa moral, prepotência, anacronismo. Qual o problema de tirar a roupa? O que é uma bilolinha, uma xoxotinha, uma bundinha? Em que uma coisa tão bonita agride? O cara não tava nem de pau duro. O personagem pedia que as pessoas se desnudassem, mas de um tipo de consciência, não tinha nada a ver com sexo. Não era uma provocação.
Seu discurso se confunde com o discurso de seus personagens?
Sim. Isso porque o Brasil tem o cinema que fala só da miséria, da violência. E tem o outro, que é esse cinema continuação da novela das 8, [do diretor] Daniel Filho e do resto. E existem também aqueles outros que ficam querendo ser mais ou menos, não põem a cara pra bater.
O mal do Brasil é que as pessoas querem ser cineastas. Isso dá um status que tem a ver com dinheiro, poder. Você é um ser especial, incomum. Tem de ter a responsabilidade de mostrar o que quer dizer.
Como dizia Chico Science, “de que lado você samba, de que lado você vai sambar?”. De que lado está seu cinema? É um cinema para manter as coisas como estão? Ou para pensar, mudar? E teu compromisso com a sociedade sobre questões como preconceito? Quem é você? Para que você é artista?
Como é o trabalho já quase familiar com uma equipe conhecida dos outros dois longas-metragens, como Hilton Lacerda, Matheus Nachtergaele, Walter Carvalho, Irhandir Santos etc.?
Há a fome e a vontade de comer. Isso é que leva essas pessoas a se juntar. Por isso digo que os filmes não são meus, mas de todos os envolvidos. Eu não conseguiria isso se não tivesse a fotografia de Walter Carvalho, a cara do Matheus, do Irhandir etc. Temos a oportunidade de dialogar de maneira democrática, na qual quem manda é o filme, não o diretor.
Amarelo Manga foi chamado de “o filme mais premiado e menos visto” à época de seu lançamento. Baixio das Bestas teve audiência ainda menor. Que público Febre do Rato pretende encontrar?
Acho que é um filme para um público maior. É mais aberto, por mais que seja em preto e branco. É poesia o tempo inteiro. Acho, sinceramente, que ele contempla o que já foi dito nos outros dois, mas fala de uma maneira mais romântica, sutil, muito leve.
Como você lida com o rótulo de personagem polêmico de plantão no cinema nacional?
Achei bom na época de Amarelo Manga porque a gente estava fazendo filme a partir do nada, com apenas dez cópias. Se for eu que tiver de botar a cara a tapa para divulgar o filme, não tem problema. O importante é o filme.
Continuo a mesma pessoa, não mudei de casa, de mulher, não comprei nada. Não estou preocupado em enricar. Minha preocupação é com meus filmes e o que faço com o dinheiro público. Tenho muito respeito, faço com arte e carinho.
Não é que eu goste de ser polêmico. É que as pessoas não assumem o que fazem ou pensam de verdade. Não têm respeito por si, pela obra, pelo que compreendem com o cinema. Quero provocar o diálogo, fazer com que as pessoas saiam do cinema e pensem: “Por que as coisas não mudam?”.
Estudei economia, fui do Partido Comunista Revolucionário, mas faço cinema porque quero contribuir de uma maneira poética. Mudar o pensamento das pessoas é mais importante do que chegar com armas. Isso não leva a nada. O cinema pode provocar a mudança nas pessoas de maneira mais elegante, construtiva, de modo que você tenha lazer, prazer. Mas não gosto do rótulo de ser polêmico.
E o nó da dependência das leis de incentivo, isso melhorou ou piorou? Como vê o Ministério da Cultura sob a direção de Ana de Hollanda e a discussão em torno do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad)?
Votei na Dilma, adoro ela, acho do caralho ter uma mulher na Presidência. Mas o mundo é muito discriminatório. Tem agora cota para tudo. No governo agora tudo é mulher. Para mim não importa se é mulher, homem ou gay. A questão é a competência. O mundo foi criado em torno do macho. Mas não é só porque a Dilma é mulher que vai botar todo mundo para ser mulher. O que interessa é que a gente cada vez mais amplie as conquistas sociais, culturais…
[Quanto ao Ecad,] eu olhei e pensei: “Que pobreza”. Venderam meu filme Amarelo Manga para vários lugares e eu não recebi nada. Venderam para lugar que eu nem sei. Tem tanta coisa para a gente avançar na área do cinema, do teatro, da cultura toda, e fica essa preocupação com o Ecad. Ei, ei, cuidem disso, botem advogado para cuidar, mas ampliem. A gente já andou tanto que voltar para isso é muito pouco, é perda de tempo, retrocesso.

Pleased to meet you, hope you guess my name



Vídeo postado por sugestão do Jonas.
Música: Simpathy for the devil, The Rolling Stones.

sábado, 30 de julho de 2011

Retorno com Amy

Após um mês de descanso e ao som (bem alto) de Amy Winehouse estamos retornando às atividades do blog. Nesse mês de julho muitos acontecimentos marcaram a história e, neste primeiro momento, destacamos com muita dor a morte da maior cantora dos últimos tempos: Amy Winehouse. Apesar das lamentáveis notícias de jornais, revistas, blogs... que pretensamente "cobriram" este acontecimento, até o presente momento recebemos apenas uma indicação de artigo que, digamos assim, realmente vale a pena ler acerca da morte da tão polêmica artista, o qual gostarímos de compartilhar com vocês: Para além da morte de Amy foi escrito por Marlon Marcos para o Terra Magazine, em 24/0711, e também está disponível em seu blog pessoal. Segue o artigo:

 

Para além da morte de Amy

Marlon Marcos
Para o Terra Magazine ( em 24 de julho de 2011)

Não é tolerável que se fale bem de Amy Winehouse, que se descrevam as características do seu talento, que se compreenda agora a dureza da vida frente às dificuldades de convivência, às vezes esta, insuportável aos mais sensíveis e criativos; e com candura hipócrita: minimizem, agora, as drogas perante o que a cantora, de vida breve, fez no cenário da música popular ocidental, igualzinho a outros ícones que morreram (ou foram mortos?) pela força da normalidade que configura este mundo asfixiante em que vivemos como prisioneiros moralistas.
A questão não é a droga pela droga, nem o desvario pelo desvario que alguns artistas apresentam. A questão não é elaborar um tratado psicológico ou sócio-antropológico, do ponto de vista acadêmico, para revelar as fragilidades da grande Amy; fragilidades que todos têm e se salvam pelo ordenamento, coisas que os inquietos e criativos, os de temperamento questionador, muitas vezes genial, não conseguem e nem querem se submeter.
A questão, se existe uma, é entender que nós criamos os drogados e precisamos dos transgressores. E esse tipo de morte expurga nossa culpa covarde de querer gozar a normalidade e combater letalmente os que tentam se destruir como forma de denúncia, de desabafo, de escracho inocente e suicida; os que se lançam à morte buscando uma vida mais luminosa, que entre nós, nem o grande talento consegue trazer.
Lamento a morte de Amy como se lamentasse a perda da minha vida. Ela alimentou, com seu escárnio autodestrutivo, a indústria midiática dos escândalos e das fofocas que dão densidade à existência tacanha de milhões de pessoas espalhadas por este mundo. Não sei se ela tinha coragem; tenho certeza que tinha um grande talento e estava entre as vozes mais agradáveis e especiais das cantoras planetárias na contemporaneidade.
Era toda ela um jeito surreal de ser: a forma idealizada que se tem do verdadeiro artista, aquele que representa o que não saberíamos ser: por pequenez, inabilidade, covardia, incompetência, falta de talento, de vocação, enfim, a tal da normalidade que emprega os medíocres.
Tomara que esta morte tenha um efeito contrário e não sirva para acariciar a pele rude da necrofilia do Ocidente; tomara que não só se façam discursos contra as drogas e nem mitifiquem Amy, santificada agora porque calada, castigada pela morte, por conta das suas transgressões, da sua rebeldia, da "fúria marginal", do seu encanto selvagem bem acima das possibilidades do humano em sua normalidade.
Back to Black acendendo-se em nossos ouvidos em uníssono para registrar uma despedida que é encontro. A gente sempre foi Amy no recôndito dos nossos sonhos, em nossas lamentações profundas, em nossa ânsia de fórmulas anestésicas, em nosso grito esmagado em busca de uma liberdade que nunca será...
Mas ela tentou, se desesperou, se aliviou, se maltratou; se errou integralmente não sei; sua voz ficará na galeria dessa imortalidade daninha que conferimos aos mitos; seu canto está em muitos antes e depois dela e continua até repousar em outro que tenha de morrer em nome da harmonia deste mundo que adoece os sensíveis, os proponentes, os que rejeitam: a alegria pipoca e macaco, poltrona TV domingo, neuroses bancárias, carro apartamento status... O poder que mata para que haja esta civilizada sociedade dos homens e mulheres bolsonaros.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Frida Kahlo, "Unos Cuantos Piquetitos" (1935)


No último encontro, o momento criativo foi organizado pela Aline. Ela expôs este quadro da Frida Kahlo e pediu que cada um lhe atribuísse um nome. Escrevemos num pedaço de papel que foi posteriormente trocado em sorteio com um colega. Após lermos o que o colega escreveu, era necessário procurar entender o porquê daquele nome e expor para todos os colegas o que entendeu da vinculação porposta através do título e do quadro. Em seguida, o escritor do título assumia autoria e precisava justificar a sua articulação entre nome e coisa. Foi muito interessante.


Abaixo os nomes que atribuímos ao quadro da Frida Kahlo:

Quem fez isso?

Desejo en(cena).
(A mesma autora ainda sugeriu: Passagem ao ato; Dor na cena; Dor em cena; Ato em cena; No limite, o ato).

Esquadrinhamento da loucura manchado de sangue.

Realidade = luz, loucura = escuridão, ou será que não?

Dois lados da paixão, entre a culpa e a inocência.

Meu assassínio.
(O mesmo autor ainda escreveu: O dia da minha morte; A morte; Quadro da dor).

Sangue frio na cama quente.

A minha morte cotidiana.
(A mesma autora ainda ecsreveu: Legítima defesa).

Mergulho perpendicular.

Horror e frieza.
(O autor também sugeriu os seguintes títulos: Serenidade em meio ao caos, e Guerra e paz).


***

Abaixo uma pequena descrição histórica do quadro, extraída do site: http://www.fridakahlofans.com/

Também indicamos o site https://www.artsy.net/artist/frida-kahlo para consulta de mais informações acerca da obra de Frida Kahlo.

 

Unos Cuantos Piquetitos
(Apasionadamente enamorado)

1935
Con el corazón roto por la aventura de su esposo con su hermana menor, Cristina, Frida reflejó su dolor e ira en esta pintura. Su propio dolor era tan profundo que incapaz de pintarlo en primera persona, lo proyectó en la desgracias de otra mujer. Un periódico publico una noticia acerca de una mujer asesinada por celos, y esto dio a la artista el sujeto ideal para su trabajo. El asesino se defendió delante del juez diciendo: “ Pero solo fueron unos cuantos piquetitos!”. Este hecho violento es una referencia simbólica al propio estado mental de Frida y sus propias heridas emocionales. Kahlo le confió a una amiga que simpatizaba con la mujer muerta ya que ella misma se sentía "asesinada por la vida"…una referencia a la aventura amorosa entre Diego y Cristina que duró un año.
La leyenda que sostienen las palomas, un símbolo de amor, irónicamente lleva el titulo del cuadro. Una paloma es negra, la otra blanca, quizás aludiendo a las caras luminosa y oscura del amor. El texto en el esbozo continúa con "...porqué se entregó a otro bastardo, pero hoy me la llevé, su hora ha llegado"
Cuando el cuadro estaba acabado, Kahlo le dio un toque final para proyectar más a fondo sus emociones en su trabajo. En un ataque de ira, agarró un cuchillo y apuñaló el marco varias veces.
En Noviembre de 1938, este cuadro se mostró en la primera exposición de Kahlo en solitario en la Galería Julien Levy de Nueva York. Se mostró con el título: "Passionately in Love" (Apasionadamente Enamorada).

domingo, 5 de junho de 2011

Tendências Morais, enviado por Daniel Torres


Estas são páginas de um livro de homeopatia, enviado pelo Daniel Torres. O título do email dele foi "tendências morais". O Daniel alertou-nos a lembrar que, de acordo com este livro, a homeopatia cura a "doença" utilizando algo que em estado "bruto" causaria a mesma... então repara que medicamento é utilizado pra curar quem "ri muito"...


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Regulamentação da atuação da(o) psicóloga(o) no âmbito do sistema prisional

O Conselho Federal de Psicologia divulgou nova resolução elaborada para regulamentar a a atuação da(o) psicóloga(o) no âmbito do sistema prisional. Este é um tema bastante polêmico e ultimamente tem causado muitos debates.

Também disponível em: http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/resolucao_012-11.pdf


RESOLUÇÃO CFP 012/2011

Regulamenta a atuação da(o)psicóloga(o) no âmbito do sistema prisional

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais
e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei n° 5.766, de 20/12/1971;

CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “c”, da Lei n° 5.766 de
20/12/1971, e o Art. 6º, inciso V, do Decreto n° 79.822 de 17/6/1977;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal, em seu Art. 196, bem como os
princípios e diretrizes preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), definem que a
saúde é direito de todos e dever do Estado;

CONSIDERANDO as Regras Mínimas para Tratamento do Preso no Brasil
(Resolução nº 14 de 11/11/1994), resultante da recomendação do Comitê Permanente de
Prevenção do Crime e Justiça Penal da ONU, que estabelece em seu Art. 15 a
assistência psicológica como direito da pessoa presa;

CONSIDERANDO as “Diretrizes para Atuação e Formação dos Psicólogos do
Sistema Prisional Brasileiro”, elaboradas pelo Ministério da Justiça, Departamento
Penitenciário Nacional (Depen) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP);

CONSIDERANDO que as questões relativas ao encarceramento devem ser
compreendidas em sua complexidade e como um processo que engendra a
marginalização e a exclusão social;

CONSIDERANDO que a Psicologia, como Ciência e Profissão, posiciona-se
pelo compromisso social da categoria em relação às proposições alternativas à pena
privativa de liberdade, além de fortalecer a luta pela garantia de direitos humanos nas instituições em que há privação de liberdade;

CONSIDERANDO que as(os) psicólogas(os) atuarão segundo os princípios do
seu Código de Ética Profissional, notadamente aqueles que se fundamentam no respeito
e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano,conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos;

CONSIDERANDO o processo de profícua interlocução com a categoria, as teses
aprovadas no IV, V, VI e VII Congresso Nacional de Psicologia (CNP), relativas ao
sistema prisional, com o objetivo de regulamentar a prática profissional da(o)
psicóloga(o) no âmbito do sistema prisional;

CONSIDERANDO decisão desta Diretoria, ad referendum do Plenário do
Conselho Federal de Psicologia, em reunião realizada no dia 25 de maio de 2011.

RESOLVE:

Art. 1º. Em todas as práticas no âmbito do sistema prisional, a(o) psicóloga(o)
deverá respeitar e promover:
a) Os direitos humanos dos sujeitos em privação de liberdade, atuando em âmbito
institucional e interdisciplinar;
b) Os processos de construção da cidadania, em contraposição à cultura de
primazia da segurança, de vingança social e de disciplinarização do indivíduo;
c) A desconstrução do conceito de que o crime está relacionado unicamente à
patologia ou à história individual, enfatizando os dispositivos sociais que
promovem o processo de criminalização;
d) A construção de estratégias que visem ao fortalecimento dos laços sociais e uma
participação maior dos sujeitos por meio de projetos interdisciplinares que
tenham por objetivo o resgate da cidadania e a inserção na sociedade extramuros.

Art. 2º. Em relação à atuação com a população em privação de liberdade ou em
medida de segurança, a(o) psicóloga(o) deverá:
a) Compreender os sujeitos na sua totalidade histórica, social, cultural, humana e
emocional;
b) Promover práticas que potencializem a vida em liberdade, de modo a construir e
fortalecer dispositivos que estimulem a autonomia e a expressão da
individualidade dos envolvidos no atendimento;
c) Construir dispositivos de superação das lógicas maniqueístas que atuam na
instituição e na sociedade, principalmente com relação a projetos de saúde e
reintegração social;
d) Atuar na promoção de saúde mental, a partir dos pressupostos antimanicomiais,
tendo como referência fundamental a Lei da Reforma Psiquiátrica, Lei n°
10.216/2001, visando a favorecer a criação ou o fortalecimento dos laços sociais
e comunitários e a atenção integral;
e) Desenvolver e participar da construção de redes nos serviços públicos de
saúde/saúde mental para as pessoas em cumprimento de pena (privativa de
liberdade e restritiva de direitos), bem como de medidas de segurança;
f) Ter autonomia teórica, técnica e metodológica, de acordo com os princípios
ético-políticos que norteiam a profissão.
Parágrafo Único: É vedado à(ao) psicóloga(o) participar de procedimentos que
envolvam as práticas de caráter punitivo e disciplinar, notadamente os de
apuração de faltas disciplinares.

Art. 3º. Em relação à atuação como gestor, a(o) psicóloga(o) deverá:
a) Considerar as políticas públicas, principalmente no tocante à saúde integral, à
assistência social e aos direitos humanos no âmbito do sistema prisional, nas
propostas e projetos a ser implementados no contexto prisional;
b) Contribuir na elaboração e proposição de modelos de atuação que combatam a
culpabilização do indivíduo, a exclusão social e mecanismos coercitivos e
punitivos;
c) Promover ações que facilitem as relações de articulação interpessoal,
intersetorial e interinstitucional;
d) Considerar que as atribuições administrativas do cargo ocupado na gestão não se
sobrepõem às determinações contidas no Código de Ética Profissional e nas resoluções do Conselho Federal de Psicologia.

Art. 4º. Em relação à elaboração de documentos escritos para subsidiar a decisão
judicial na execução das penas e das medidas de segurança:
a) A produção de documentos escritos com a finalidade exposta no caput deste
artigo não poderá ser realizada pela(o) psicóloga(o) que atua como profissional
de referência para o acompanhamento da pessoa em cumprimento da pena ou medida de segurança, em quaisquer modalidades como atenção psicossocial,atenção à saúde integral, projetos de reintegração social, entre outros.
b) A partir da decisão judicial fundamentada que determina a elaboração
do exame criminológico ou outros documentos escritos com a finalidade de
instruir processo de execução penal, excetuadas as situações previstas na alínea
'a', caberá à(ao) psicóloga(o) somente realizar a perícia psicológica, a partir dos
quesitos elaborados pelo demandante e dentro dos parâmetros técnico-científicos
e éticos da profissão.
§ 1º. Na perícia psicológica realizada no contexto da execução penal ficam
vedadas a elaboração de prognóstico criminológico de reincidência, a aferição
de periculosidade e o estabelecimento de nexo causal a partir do binômio delitodelinqüente.
§ 2º. Cabe à(ao) psicóloga(o) que atuará como perita(o) respeitar o direito ao
contraditório da pessoa em cumprimento de pena ou medida de segurança.

Art. 5º. Na atuação com outros segmentos ou áreas, a(o) psicóloga(o) deverá:
a) Visar à reconstrução de laços comunitários, sociais e familiares no atendimento
a egressos e familiares daqueles que ainda estão em privação de liberdade;
b) Atentar para os limites que se impõem à realização de atendimentos a colegas de
trabalho, sendo seu dever apontar a incompatibilidade de papéis ao ser
convocado a assumir tal responsabilidade.

Art. 6º. Toda e qualquer atividade psicológica no âmbito do sistema prisional
deverá seguir os itens determinados nesta resolução.
Parágrafo Único – A não observância da presente norma constitui falta éticodisciplinar,
passível de capitulação nos dispositivos referentes ao exercício profissional
do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de outros que possam ser
arguidos.

Art. 7º. Esta resolução entrará em vigor no dia 2 de junho de 2011.

Art. 8º. Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Resolução CFP
nº 009/2010.

Brasília, 25 de maio de 2011.
HUMBERTO VERONA
Presidente

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Os insensatos - Decisão para debate

EMENTA: PENAL. EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. RÉU INIMPUTÁVEL. MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. EXTINÇÃO DA MEDIDA, TODAVIA, NOS TERMOS DO ART. 75 DO CP. PERICULOSIDADE DO PACIENTE SUBSISTENTE. TRANSFERÊNCIA PARA HOSPITAL PSIQUIÁTRICO, NOS TERMOS DA LEI 10.261/01. WRIT CONCEDIDO EM PARTE. I - Não há falar em extinção da punibilidade pela prescrição da medida de segurança uma vez que a internação do paciente interrompeu o curso do prazo prescricional (art. 117, V, do Código Penal). II - Esta Corte, todavia, já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo de duração da medida de segurança é o previsto no art. 75 do CP, ou seja, trinta anos. Precedente. III - Laudo psicológico que, no entanto, reconheceu a permanência da periculosidade do paciente, embora atenuada, o que torna cabível, no caso, a imposição de medida terapêutica em hospital psiquiátrico próprio. IV - Ordem concedida em parte para extinguir a medida de segurança, determinando-se a transferência do paciente para hospital psiquiátrico que disponha de estrutura adequada ao seu tratamento, nos termos da Lei 10.261/01, sob a supervisão do Ministério Público e do órgão judicial competente.

(HC 98360, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/08/2009, DJe-200 DIVULG 22-10-2009 PUBLIC 23-10-2009 EMENT VOL-02379-06 PP-01095)

Íntegra do acórdão: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=604609

terça-feira, 31 de maio de 2011

Solução de vida

Para quem não viu nos comentários do post anterior, esta é a dica de som que a Aline mandou:




Solução de Vida (Molejo Dialético) - Paulinho da Viola


Composição: Paulinho da Viola e Ferreira Gullar



***


Aproveito para lembrar que nosso próximo encontro será nesta próxima sexta, dia 03/06, ocasião em que trabalharemos os capítulos 4 e 5. Caso alguém queira assumir o momento criativo, favor manifestar-se até quinta feira.






terça-feira, 17 de maio de 2011

Para a continuação dos debates


Os seguintes trechos retirados do livro (p. 78) particularmente nos chamou muito a atenção, por isso destaco-os:



"A internação é uma criação institucional própria ao século XVII. Ela assumiu, desde o início, uma amplitude que não lhe permite uma comparação com a prisão tal como esta era praticada na Idade Média. Como medida econômica e precaução social, ela tem valor de invenção. Mas na história do desatino, ela designa um evento decisivo: o momento em que a loucura é percebida no horizonte social da pobreza, da incapacidade para o trabalho, da impossibilidade de integrar-se no grupo; o momento em que começa a inserir-se no texto dos problemas da cidade. As novas significações atribuídas à pobreza, a importância dada à obrigação do trabalho e todos os valores éticos a ele ligados determinam a experiência que se faz da loucura e modificam-lhe o sentido.

Nasceu uma sensibilidade, que traçou uma linha, determinou um limiar, e que procede a uma escolha, a fim de banir. O espaço concreto da sociedade clássica reserva uma região de neutralidade, uma página em branco onde a vida real da cidade se vê em suspenso: nela, a ordem não mais enfrenta livremente a desordem, a razão não mais tenta abrir por si só seu caminho por entre tudo aquilo que pode evitá-la ou que tenta recusá-la. Ela impera em estado puro num triunfo que lhe é antecipadamente preparado sobre um desatino desenfreado. Com isso a loucura é arrancada a essa liberdade imaginária que a fazia florescer ainda nos céus da Renascença. Não há muito tempo, ela se debatia em plena luz do dia: é o Rei Lear, era Dom Quixote. Mas em menos de meio século ela se viu reclusa e, na fortaleza do internamento, ligada à Razão, às regras da moral e a suas noites monótonas."


Ressaltei em negrito algumas palavras e frases que, no meu sentir, expressam de maneira elaborada a ideia que foi trabalhada nos argumentos alinhavados por Foucault no capítulo "A Grande Internação". Tentei sustentar no nosso último encontro este aspecto de invenção que ele atribuiu ao internamento no séc. XVII, criação esta que serviu como medida econômica e precaução social, diferindo do entendimento acerca da prisão da Idade Média. Esse ponto dialoga intimamente com o que em seguida foi destacado por Foucault no que diz respeito ao momento anterior, na história do desatino, quando a loucura passou a ser percebida no horizonte social da pobreza, da incapacidade para o trabalho e da impossibilidade de integração no grupo. Daí é que se torna possível visualizar a articulação feita pelo mesmo, no que se relaciona às novas atribuições dadas à pobreza e ao trabalho no séc XVII, com o intuito de aproximar tais "novidades" com a experiência da loucura e a modificação de seu sentido no mesmo período histórico.


Depois seguirei minha reflexão acerca destas importantíssimas questões nos comentários.


Aguardo manifestações.

domingo, 15 de maio de 2011

Momento criativo

Caros, aguardaremos até o final da próxima semana a manifestação de interesse para a elaboração do momento criativo do dia 27/05.

Parabéns ao Otávio pelo vídeo apresentado no dia 13/05.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Nostalghia






Não há um erro de grafia no título deste post - assim é intitulado originalmente o brilhante filme de Andrei Tarkovski, de 1986. No Brasil, o título foi traduzido para Nostalgia e infelizmente não é fácil de encontrá-lo em dvd nas locadoras. Tarkovski nasceu na Rússia e lá iniciou sua carreira no cinema ao ingressar no Instituto Central de Cinema da URSS, em 1956. É um cineasta conhecido por ter realizado filmes intimistas, com planos longos que detalham de forma impressionante e incomparável cenas e personagens minuciosamente construídos através de uma escrita de roteiro impregnado pela literatura.

Para além de qualquer forma pré concebida de fazer cinema, em nome de um modo de produção de sucesso (lucro) e que, justo por isso, contemple o excesso - seja através de movimentos velozes, técnicas digitais ante e sobrepostas às cenas filmadas, produções impecáveis de figurino e cenário, (re)cortes perfeitamente traçados a ponto de não serem percebidos, ou, então, através de diálogos que pretendem dizer tudo o que não está sendo dito simplesmente porque existe a crença de poder estar tudo dizendo já que a linguagem está dominada pelo conhecimento - enaltece a crueza deste belíssimo filme de Tarkovski, que sem dúvida condiz com toda a sua obra no que diz respeito ao sentido artístico que a sétima arte pretende assumir. Por este filme somos tocados fatalmente em pontos caros ao nosso ser humano.

Fica aí mais uma dica de filme.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Filmes

Adicionamos mais 3 sugestões de filme na nossa lista:

- Persona, de Ingmar Bergman, 1966

- Através de um espelho, de Ingmar Bergman, 1961

- Biutiful, de Alejandro González Iñarritu, 2010

Junto com a as sugestões fica a provocação de que alguém comente ou inicie debate acerca de algum dos filmes listados, ou então de algum outro filme que tenha interesse de acrescentar na lista.

sábado, 30 de abril de 2011

Compartilhando Impressões

Nosso segundo encontro foi bastante proveitoso. Saí com a impressão de que o grupo está engajado em estudar e debater Foucault. O intuito é justamente essse, ou seja, o de instigar a leitura, o debate e o ímpeto criativo de cada um sem qualquer formalidade institucional. A sensação que tenho, por ora, corresponde a essa espectativa inicial.

***

Informo que o Bryan e o Otávio manifestaram interesse em coordenar o "momento criativo" do próximo encontro.

***

Estamos acrescentando mais um belíssimo filme na nossa lista: Shine, dirigido por Scott Hicks, Austrália, 1996.

sábado, 16 de abril de 2011

E-mail do Grupo

Foi criado o e-mail do grupo: sobrehistoriadaloucura@yahoogrupos.com.br Enviamos um convite de cadastro para os e-mails colocados na lista que passamos no encontro de abertura. Caso alguém não tenha recebido o convite, favor enviar um e-mail para manumattos@hotmail.com ou manelamattos@gmail.com

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Calendário de leituras e encontros

Grupo de Estudos - "História da Loucura", de Michel Foucault

Encontros:
15/04   Apresentação
29/04   Primeira parte: Stultifera Navis
13/05   A grande internação
27/05   O mundo correcional
03/06   Experiência da Loucura e Os Insensatos
17/06   Segunda parte: Introdução e O louco no jardim das espécies
Julho - Férias
12/08   A transcendência do Delírio
26/08   Figuras da loucura
09/09   Médicos e doentes
23/09   Terceira parte: Introdução e O grande medo
07/10   A nova divisão
21/10   Do bom uso da liberdade
04/11   Nascimento do asilo
18/11   O círculo Antropológico e Encerramento

FOUCAULT, Michel. História da Loucura: na Idade Clássica. Trad. José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 2010. 9 ed.